quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O dia mais feliz da minha vida -1 parte

Hoje, depois que a Isabel adormeceu abraçada comigo, como ela faz todos os dias, fiquei pensando no dia em que ela nasceu. Na verdade fiquei relembrando todos os detalhes, para tentar talvez reviver aqueles momentos que foram sem dúvida os mais felizes da minha vida: o dia 7 e a madrugada do dia 8 de novembro de 2005. Percebi que nunca fiz um registro desses momentos e hoje fiquei a muito fim de fazer. Lá vai:
Estava para completar 40 semanas no dia 9, mas, embora eu tivesse alguma vontade tentar um PN, o obstetra já tinha marcado o dia 8 como o deadline. O Pedro, meu marido gostou pois ele também é do dia 8, só que de dezembro. E eu estava taaaaão ansiosa para esse dia chegar logo que nem liguei de ser em uma data marcada. Na verdade eu jurava que não chegaria tão longe, o que me deixava ainda mais ansiosa. Eu estava desde o fim de setembro em um meio repouso, devido a uma dilataçãozinha meio precoce, mas que não havia evoluído até aquele dia 7. A dilatação estacionada não era na verdade um impedimento para o PN, mas pós um exame de toque, o médico constatou que a neném estava bem alta ainda, sem sinal de encaixar. Por conta disso ele acreditava que seria uma cesárea mesmo no dia seguinte, a não ser que quisesse esperar mais, o que para mim estava fora de cogitação: eu não esperaria nem um minuto a mais para conhecer a carinha dela. Eu estava com uma ansiedade e uma excitação inacreditáveis nos últimos dias, com noites em claro literalmente. Mas havia ainda, segundo o médico, um último recurso, para se tentar um trabalho de parto e um posível encaixe da neném: uma estimulação do colo do útero através de um exame de toque "mais caprichado". Autorizei e, bem, o toque foi beeeem caprichado mesmo. Ainda assim estava tão feliz de estar passando por aquilo tudo que nem liguei (embora o meu marido tenha se assustado com minha cara de dor). O médico, então me pediu para voltar lá no mesmo dia à tarde para ver se algo tinha mudado. Lá fui eu de novo às 4 e nada de novo. Mas sai de lá tão satisfeita com a proximidade da chegada da minha filha que não estava nem aí mais para a dilação, encaixe, etc. O que importava é que em menos de 12 horas eu ia viver a coisa mais legal da minha vida, aquilo que eu mais queria experimentar. Fui para casa da minha mãe, que foi quem me acompanhou nessa última consulta, mas já no caminho começaram umas colicazinhas, que eu nem desconfiava serem importantes. Como eu me internaria na Perinatal às 6 da manhã do dia seguinte e minha mãe morava ali bem perto, ela insistiu que dormisse por lá mesmo, preocupada com a minha cara de dor e descoforto, mas eu nem pensava mais em PN. Na verdade eu já estava bem incomodada e provavelmente em pleno trabalho e parto. Lá pelas 9 da noite perdi o chamado tampão mucoso e a partir daí as colicazinhas estava bem chatinhas, mas ainda assim eu não acreditava que nada mudaria. O Pedro me levou para casa e eu me preparei para mais uma noite em claro. Tomei banho, separei as minhas roupas do dia seguinte e por volta de meia noite resolvi fazer uma escova no cabelo para adiantar. O Lula estava dando um entrevista, a primeira para falar do mensalão, e eu me sentia agitada e eufórica. Já estava perdendo líquido e minhas roupas estavam bem úmidas, o que era superdesagradável. No meio da escova senti uma dor bem forte. Comentei com o Pedro e ele ligou para o seu amigo que é filho do meu médico, e também é obstetra. Daqui a bem pouco, outra. O Zé pediu para eu tomar um remedinho para dor e monitorar os intervalos e ver se dava para esperar até de manhã, mas que se eu quisesse podia ir imediatamente também. Mas os intervalos já eram mínimos: 2 minutos ou 3 minutos. Fico tentando lembrar dessa hora, do momento que o Pedro olhou para mim e falou: o Zé mandou a gente ir agora e antecipar a cesárea. Era sem dúvida o momento mais feliz da minha vida, e eu tinha consciência disso. A partir daí acho que registrei tudo o que aconteceu nos mínimos detalhes: liguei para a minha mãe e para a Lali, vesti um vestido, pequei minha mala e a malinha branca com o frisinho rosa da neném. Lembro como se fosse um sonho e não a realidade: eu esperando o elevador, o Pedro voltando para pegar o quadro para a porta da maternidade que a Salette, avó, tinha bordado. Entrando no carro, as dores se intensificando, eu dizendo, "vai mais rápido" e me contorcendo. A chegada na maternidade meia noite e pouca, a recepção vazia, com a minha vó e a Lali já lá me esperando. As dores aumentando e eu me contorcendo e pedindo para subir logo, mas ao mesmo tempo com medo das dores não evoluírem daquilo não ser real. O Pedro ficando para preencher papéis, a Lali subindo comigo. A Neves, minha amiga chegando e dando dicas, a Lali cada vez mais histérica com a minha cara de dor. Pareceu um sonho até a chegada do médico na maternidade. Lembro dele andando com a malinha de médico no corredor da Perinatal e me dizendo que tudo ia dar certo .

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